A Coragem de Servir
- Bruna Fontoura
- 1 de set. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de jul. de 2022
A morte, em qualquer que seja seu formato, é um ato de violência!!.

Você já parou pra pensar porque fugimos até do pensamento de morte? Seja a nossa ou de outros. Algumas pessoas não conseguem sequer pensar na ideia, nem por um segundo, nem nas situações em que você realmente deveria..
Se mesmo aquela morte natural, serena, de um grande idoso, já sentimos como violência, imagine uma morte trágica, precoce, súbita. Quer estejamos preparados para ela ou não, é um rompimento, e dói.
Lá na antiguidade as pessoas viviam mais agrupadas, moravam muitas pessoas na mesma casa, dividindo cômodos. Nessa época não existia privacidade, não existiam segredos. Se vivia na frente dos outros, se comia, se amava, se dormia na frente dos outros. E se adoecia e morria, também na frente dos outros. Era visível, escancarado. Nessa época também existia muita violência explícita. Jogos de lutas até a morte, duelos, penas de morte, guerras. A violência acontecia na sua frente todos os dias. O que você vê com frequência se torna natural (mas não faz com que doa menos).
Com o desenvolvimento da sociedade, nos afastamos, criamos privacidade, temos cômodos separados ou divididos com poucos, banheiros com portas trancadas. Mostramos apenas o que queremos mostrar. Ao mesmo tempo, a violência não é mais tão explícita. A maior parte das pessoas não convive diariamente com grandes atos violentos. O que você vê com frequência se torna natural. E o que você não vê com frequência se cria resistência e estranheza. Hoje vivemos afastados, escondemos nossas doenças e falhas, ao mesmo tempo que nos chocamos com atos de violência.
A morte, em qualquer que seja seu formato, é um ato de violência! Toda essa evolução traz um cenário de adoecimento e morte extremamente solitário. Não olhamos para o doente, é doloroso e chocante demais, nos protegemos, e consequentemente isolamos a pessoa no momento de maior fragilidade.
Cuidadores, familiares e equipe de saúde precisam de muita coragem para enfrentar essa violência em doses diárias, para verdadeiramente olhar e cuidar dessas pessoas a quem damos o direito de existir em sociedade apesar de estarem ousando morrer.
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